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Oxalá a vida fosse tão simples que bastasse perguntar às flores plantadas diante de mim: “bem-me-quer?”, “mal-me-quer?”.
E, não sendo malmequeres, seriam por isso uma abordagem preferida, visto não carregarem um agourento destino no seu nome.
Seria, aliás, bem mais bonito ver um campo repleto de “bem-me-queres” despontando por entre as ervas: ninguém quer males escondidos e à espreita.
Porque escolhemos então chamar-lhes malmequeres, o nome mais triste?
E porque, também, alguns escolhem o copo meio vazio? Se para se esvaziar o copo tem de se encher; e para se querer mal, tem de se querer primeiro. Para quê obscurecer a escolha?
Ninguém anda à procura de “mal-me-queres”! Nem mesmo aqueles que confiam essa ser a sua flor favorita. Porque quando colhemos um e o vamos roubando, pétala ante pétala, o que procuramos é transformá-lo num “bem-me-quer”. E este sim, finalmente despido, hirto e triste é para nós a fonte de satisfação.
A primavera é a minha época do ano favorita: longe vão (teoricamente) os dias de inverno e o calor abrasador do verão ainda não bate à porta.
E como se tudo isto fosse um filme da Disney, os passarinhos chilreiam, as flores desabrocham e parece que um espírito de optimismo nos embala enquanto fazemos planos para um café em noites amenas ou um passeio de fim-de-semana.
Pelo menos é assim que sabe bem ver a primavera, como uma altura de recomeço.
Mas recomeço implica muitas vezes mudar, e mudar requer escolhas; e escolhas... não são boas para perfeccionistas, daqueles que gostam de ter as situações sob o seu controle.
Lembro-me de ter 8 anos e estar à beira-mar, escrevendo uma mensagem na areia para o meu pai. Dizia que gostava muito dele e juntava um coração às saudades com que assinava.
No entanto, nunca acabava a frase toda: a meio do coração voltava uma onda que arrasava o meu trabalho.
Então recomeçava, do princípio, porque não consentia que a mensagem fosse aos pedaçinhos pelo mar ter com ele. E escrevia freneticamente, como aquele esquilo do Ice Age atrás da bolota. Só descansava quando a espumava levava todas as letras do meu amor.
Hoje em dia não preciso que o mar leve as minhas mensagens, e descanso com um suspiro no seu ombro:
- Era tão bom se tivesse a minha vida delineada, se não tivesse de ponderar entre diferentes caminhos, se pelo menos não tivesse tantas escolhas...
- Já imaginaste, filha, o quão aborrecida seria a vida se todos soubessemos o que nos espera?
Na primeira vez que vim ao Porto, a cidade não me seduziu. Da segunda também não, nem na 3ª, 4ª ou 5ª.
Aliás, este cinza que predomina e a velhice das fachadas deprimia-me. As pessoas falavam alto de mais e a estreitez das ruas era opressora. Não achava piada ao rio Douro, o Hospital de Santo António lembrava-me um hospício e a única coisa mais engraçada que cá encontrava eram as vivendas ao longo da avenida da Boavista e um pedaçinho de mar.
Nem as francesinhas me convenceram!
Mas isto foi antes de viver numa cidade universitária, numa capital, em cidades não cinzentas mas douradas e muito bonitas, em cidades demasiado pequenas e no estrangeiro.
Foi aliás, preciso ir para fora para poder apreciar a beleza do nosso país, onde agora incluo o Porto.
Já não o acho triste e cinza mas simplesmente modesto e mal aproveitado; as pessoas não falam alto de mais, são sim bastante mais simpáticas e acolhedoras que nas grandes cidades; o Santo António revelou-se um hospital dinâmico e agradável, e até descobri um sítio com francesinhas deliciosas!
O Porto é agora para mim a prova viva de que "Quem vê caras não vê corações".
É por isso que no meio de tantas más notícias diárias me dá gosto olhar em volta, sorrir àqueles que cruzam o meu dia-a-dia e agradecer por ter nascido num sitio tão bom como neste «cantinho plantado à beira-mar».
"Toda" a minha vida quis testar os pequenios regionalismos linguísticos que há por este país fora.
Pedir uma bica, falar em cabides, comentar como brilha o oiro ou que o semáforo ainda está encarnado, por exemplo!
Lá para cima olham-me de lado quando digo "vermélho" e "coélho" porque segundo eles não sei falar e devia dizer "vermêlho" e "coêlho". (Não é engraçado?!)
Eis que hoje entro numa loja da baixa determinada a pedir uns cabides! Até tinha estudado a situação mentalmente e via-me já sair vitoriosa daquele meu jogo de palavras.
«Uns quê, menina? Cabides? Para pendurar a roupa? Sim, tenho ali!»
Mas não, eu não queria suportes para pendurar a roupa na parede.
E recordou-me a minha infância em que efectivamente, isso sim era um cabide.
Lá tentei explicar que era para por dentro do armário, contornando o sobrolho franzido da senhora.
«Olhe..er.. cruzetas talvez? Nunca sei como é que vocês lhes chamam.»
A "dona" não acho muita piada, e também não tinha cruzetas. Mas eu senti-me de férias, como no estrangeiro! :)
Gosto de hospitais desde que tenho memória.
Das batas brancas, dos estetoscópios, dos abaixa-língua. Até de medicamentos. Muito antes de fazer parte deste mundo gostava de estar lá e observar aquele corre-corre do pessoal e dos pacientes que esperam.
Mas, de tudo, o que mais me fascina num hospital são as pessoas, porque fazem daquele lugar um cofre de emoções, onde cada uma delas é sentida ao máximo, todos os dias.
Como num grande teatro, a companhia vive entre dois lados:
O dos pacientes que aguardam um veredicto, que buscam ajuda ou respostas aos seus tormentos. As pessoas despem as suas almas nos hospitais e conhecemos o ser humano longe das pressões da sociedade, e as suas emoções muito mais perto de nós. Porque muitas vezes um doente não busca só uma cura corpórea, mas um conforto ou uma compreensão que não encontra fora daquelas paredes.
O outro lado, revestido de branco, são os bastidores: a preparação, o estudo, a actuação que todos esperam que termine em aplausos; mas, tal como todas as representações estão sujeitas ao destino, também aqui nem sempre assim acontece.
Como dizia a minha professora parisiense: «A medicina não é uma ciência, é uma arte».
Adoro filmes que me façam pensar e duvidar de cada cena. Qualquer terror é intolerável, mas um final que fique incrustado na minha mente por pelo menos 24 horas é aquilo a que chamo um bom filme.
Há uns meses que adiava Memento (Amnésia). Ele chamava-me, do meio da longa lista de filmes da pasta "Para ver", mas acabei por descobrir que sou óptima a inventar desculpas.
E uma procrastinadora de 1ª classe.
Mas como fã de Christopher Nolan, não podia perder este.
Trata uma curta história sobre as acções de um homem com amnésia anterógrada no seguimento de um acidente traumático. Já o facto de abordar um problema neurológico pouco compreendido teria bastado para tornar o filme interessante, mas mais do que isso a história desenrrola-se ao longo da escala temporal de uma forma bastante peculiar.
E ainda que o fim nos apareça no início, só no início, ou neste caso, no fim, é que percebemos o que realmente acontece. ;)
Talvez por ter criado demasiadas expectativas não o poderei chamar de brilhante, e porque "Shutter Island" (A Ilha do Medo?) o ofusca, para mim. Não consigo aliás, esquecer a grande semelhança entre os dois!
Mas talvez seja porque a psiquiatria ainda me fascina mais do que a neurologia.
Nota: Amnésia anterógrada é um sintoma de uma lesão específica numa área do cérebro que não permite guardar novas recordações. Portanto, a partir do momento que uma pessoa sofre a lesão ainda que se lembre de tudo o que viveu até esse momento, não conseguirá recordar o que acontece depois, ou fá-lo por um curto período de tempo.
"a guy gets 10x hotter when walking a #dog", dizia eu há uns meses no twitter.
Há qualquer coisa de especial num homem que passeia um cão.
Ou qualquer coisa de esquisito comigo de cada vez que me deparo com essa dupla, sim
Mas eu sou uma dog-person e, por isso, suspeita. De qualquer forma, para aqueles que estão solteiros, um conselho a seguir: arranjem um desses amigos, preferencialmente de porte médio-grande (não sei se a lei se aplica com Chihuahuas), e saiam para a rua: vão dar uma volta ao jardim, comprar o jornal, correr para a beira-mar, mas usem e abusem desse status.
E verão que mesmo que não seja favorecido nesse campo, o animal acaba por compensá-lo, vá-se lá saber porquê.
Na melhor das hipóteses, o objectivo é atingido e acabam enrrolados... como os donos dos 101 Dálmatas. Lembram-se? :)
Na pior das hipóteses, andar é sempre bom, e passear o cão traz inúmeros benefícios, sendo um estímulo psíquico e físicopara ambas as partes.
Talvez os homens que passeiem um cão transmitam uma imagem de segurança e lealdade, ou de carisma. Talvez aí resida de facto o quadro atractivo.
Não sei a teoria, mas sei a prática, por isso... passem a ela!
E boa sorte!
Novo ano, dia de reis e nova semana a chegar implicam um regresso à realidade. E o quanto isso custa após uns dias de dolce far niente à lareira..!
Para mim, chega agora a pior época do ano:
A primavera é a minha definição de ideal, o calor do verão tolera-se nem que seja pelas férias, o outono ainda guarda recordações das noites estivais e mal começa a arrefecer começamos a preparar as festas. Mas agora? Agora instala-se o frio e a parte boa só regressa lá para Abril.
O presente fim-de-semana é crítico pois acresce-se a Saga das Malas: arrumar os pertences e rumar para fora de casa dos pais, uma vez mais, até à próxima – ou daqui a muitas – sextas-feiras.
É a Saga maligna dos domingos à tarde que acabou por substituir as comédias que passam ao mesmo tempo na tv.
- Um bom regresso a todos os universitários como eu, ou a todos aqueles que estão a preparar também as suas malas!
O Ano Novo e a noite do Réveillon deve ser o meu (duplo) dia do ano favorito.
Parece-me que é o único feriado que todos festejam, o único dia em que todos distribuem alegre e gratuitamente votos de felicidade, de bem-estar, de paz e de sucesso não olhando a quem. E a verdade é que todo este optimismo - ou pelo menos falta de pessimismo - se torna contagiante.
Visto que desisti de pedir os tradicionais 12 desejos (após verificar ao cabo dos 365 dias que, afinal, os impossíveis não se realizavam mesmo: pois... continuo sem ser euromilionária), limito-me a encarar o novo ano com esperança. E ainda que o ano que finda tenha sido bom, pois esperança de dias ainda melhores eu peço.
Risco de decepção? Não, há 365 dias para lidar com ela e, na pior das hipóteses esperar um ano melhor, daqui a outros 365.
Uma óptima passagem de ano, portanto, com muita esperança e que possamos encarar 2013 com determinação e garra suficientes para os momentos mais difíceis. Mas não esquecendo que com certeza que haverá muitos bons pelo meio.
Vamos então a eles!
“Desculpa” é mesmo uma daquelas palavras chatas de deixar sair cá para fora (se for sentida, é claro). E se vier acompanhada de um “tinhas razão”, então aí a chatice multiplica-se.
Quero acreditar que isto não se aplica a todos mas, infelizmente, sou um desses espécimenes a quem lhes custa juntar essas palavras na mesma frase. É por isso que aqueles que mas ouvem deveriam sentir-se duplamente satisfeitos: pela razão e pela admissão da mea culpa.
O pior, não creio que seja reconhecer que os outros estavam certos, mas antes segurar o nosso orgulho e mantê-lo cá dentro, bem escondido, reconhecendo que afinal, nós, comuns mortais, também erramos… e com frequência! E que por vezes nos faz bem sair da nossa bolha dourada e ouvir – e talvez, talvez! – seguir aquilo que os outros nos têm a dizer.
- É por isso que lamento ter-te feito sair de casa à 1h da manhã para me salvares de apuros dos quais me tinhas prevenido, mas que eu julgava não serem possíveis cá na minha bolha dourada. Desculpa, tinhas razão. E para a próxima vou fazer um esforço, daqueles, para seguir os teus conselhos.
Cinco anos mudam a blogosfera; mudando-nos sobretudo a nós, que a construímos.
Mas não mudaram a minha vontade de escrever e de fazer parte deste universo, que se acentua em dias como estes: de casa, lareira e reflexão.
Há época mais bonita que o Natal?
Ainda que o dia seja de sol, que a crise obrigue a diminuir os presentes debaixo da árvore e o menu fuja dos pratos tradicionais há que manter em casa o espírito da quadra com banda sonora a condizer, enviando os postais de natal e relembrando a cada conversa o espírito que devemos manter nesta quadra.
Neste dia, acho que vale a pena esquecer tudo o que não seja natal! Afinal é só uma vez no ano.
Aliás… é o único dia do ano em que me sinto uma atleta olímpica: um verdadeiro Michael Phelps que acabou de ingerir 4000 kcal.
Feliz dia de Natal a todos os que passarem por aqui, porque hoje é o dia de todos sermos um bocadinho mais felizes!
“Saudade differs from nostalgia in that whereas nostalgia involves a mixed happy and sad feeling for the lost memories, saudade involves the hope that what is being longed for might return.”
O EragonOnline, em parceria com a Gailivro, acaba de lançar o seu Grande Concurso Brisingr, na sequência do lançamento do 3º livro do Ciclo da Herança de Christopher Paolini. Há a possibilidade de participar em projectos escritos ou em formato vídeo e os vencedores receberão livros "Brisingr" e t-shirts. Se já és fã de Eragon e Eldest, não percas esta oportunidade e participa!
Visita o site oficial para mais informações.
Obrigada!Tenho de me voltar a dedicar um pouco mai...
Encontrei o teu blog por acaso e gostei muito !Seg...
Muito obrigada! Umas felizes festas!
Feliz Natal e parabéns pelo destaque :)
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