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O autocarro

Segunda-feira, 03.03.08
Mais uma vez, de volta a Salamanca. Mais uma semana que começa, e provavelmente mais uma quinzena de dias sem voltar a casa… Tal como me preveniram ao início, agora custa sair de casa. Custa pensar que no dia seguinte já não durmo no meu quartinho, custa pensar que já não vou ter a comida da mãezinha, custa despedir-me de tudo e, sobretudo, de todos. Salamanca continua a fascinar-me como cidade, o curso também mas… algo mudou. Talvez aquela euforia inicial que sentia. Isto faz-me lembrar as teorias antropologistas que dizem que a paixão apenas dura 18 meses e os benefícios que isso nos traz – seria horrível passar “anos e anos na montanha russa do amor”. Tentando estabelecer um paralelismo, também essa euforia teve de acalmar. Nem que não acontecesse espontaneamente, os exames encarregar-se-iam de o fazer.
Ontem, mais uma vez lá passei uma horinha no “autobus” entre duas cidades espanholas, o meu trajecto habitual aos domingos.Rotina minha e da maioria dos universitários. Com o autocarro, sempre mantive uma relação de amor-ódio. Gosto de viajar e de poder apreciar com calma a paisagem, de ver todos os locais pelos quais passo, de ver todas aquelas pessoas… Mas por outro lado tenho sempre a sensação que ou as malas ficam na estação ou me esqueço delas, ou alguém as leva por engano, ou fico eu na estação (nas viagens longas quando há paragens), depois há o transtorno de ir muito tempo sentada…
Bem, mas quase sempre há histórias para contar. Domingo à noite, apenas  passo uma hora no autocarro: é ver todos os estudantes carregados de malas – tal como eu –comprar bilhetes a correr, acotovelarem-se nas filas para entrar, irem em grupos contando o que se passou durante a semana (isto pelo que eu compreendo entre as minhas conversas, o mp3 e a rápida conversação que eles levam), alguém a falar ao telemóvel e que faz pública a sua conversa para os 50 passageiros, ou eu própria carregada de sacos tentando passar pelo estreito corredor enquanto me desdobro em 1001 “perdón”.
À sexta-feira, que julgo se está a tornar o meu dia favorito da semana, vamos de regresso durante 2h30.Esperamos meia hora numa estação (onde surgem figuras insólitas como homens que surgem na casa-de-banho feminina ou procurar um balcão de venda de bilhetes que afinal se conclui não existir) e depois tomamos um autocarro que pára na fronteira. O motorista já nos conhece como as “señoritas portuguesas” e a maioria das vezes somos apenas nós, as estudantes portuguesas que chegamos ao fim do trajecto. Lá vai o autocarro de 50 lugares a ecoar as nossas conversas. Claro que enquanto está cheio há situações do mais diverso possível: entre um miúdo de 10 anos a meter a cabeça entre o meu banco e o da minha colega para nos olhar, ou um bando de 4 rapazes que desatam a rir – com fortes gargalhadas, sem se conterem durante 10minutos, sem exagero – quando começamos a falar entre todas em português, ou passageiros com um forte cheiro a álcool ou de aspecto “sinistro”, gente que se lembra de fazer sessão fotográfica e não dá descanso aos “flashes” durante o trajecto inteiro…
Há mesmo de tudo.
Contudo para mim, a melhor parte da viagem é sexta-feira quando sei que estou perto da fronteira e nesta altura se está o sol a pôr. O autocarro já só nos leva a nós e eu vou ouvindo uma música enquanto vejo o pôr-do-sol e penso: “Lar, doce lar… estou a chegar!”

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