Estas férias nem sequer têm merecido a sua verdadeira designação. Aproveitei pelo menos estes quatro dias de pausa na preparação para os exames e fui hoje ao cinema ver “Shrek, o Terceiro”.
Desta vez, Shrek é herdeiro ao trono do reino Bué Bué Longe, mas acha que aquilo não é vida para um ogre - Muito menos para ele que deseja apenas uma vida tranquila ao lado de Fiona na sua casa do pântano cheia de vermes e insectos! Para se livrar desse encargo, vai em busca do outro herdeiro possível, claro não sem os dois amigos inseparáveis: burro e gato das botas. A partir daí a acção desenrola-se entre a viagem de Shrek e o reino, onde o príncipe Encantado volta a fazer das suas.
“Shrek” agradou-me por ser a reinvenção dos antigos contos-de-fadas. Todos aprendemos nessas histórias de encantar que os ogres são os maus, que comem crianças e, no fim, são mortos pelo herói do conto. Lá, as princesas são belas e delicadas, nunca com aquela coloração verde de Fiona! O princípe encantado (como adjectivo e não como nome próprio) é o herói da história que salva a princesa e a fada madrinha está do lado dos bons e nunca, nunca mesmo, é dona de uma fábrica, canta ...pop (?) e anda numa limousine cor-de-rosa. Os dragões, nos contos-de-fadas, são criaturas monstruosas, pertencentes ao lado do mal – nunca apaixonadas por um burro falante e emitindo baforadas de fumo rosa em forma de coração para o seu amado. O Pinóquio não participa na Missão Impossível e… Merlin não é, de todo, um doido chanfrado.
Hoje em dia não faltam filmes de animação em estreia nos cinemas: só hoje vi a apresentação de três (quatro se incluirmos os Simpsons). Para mim, estes têm perdido qualidade. A Disney produziu clássicos maravilhosos, de encantar, que todos víamos quando éramos pequenos, mas criam-se agora novos tipos de desenhos para os mais novos, e graúdos se assim o desejarem. Pessoalmente, não acho tanta piada aos novos desenhos animados em comparação com os clássicos Disney – embora haja excepções como Madagáscar, Nemo, Gang dos Tubarões, Idade do Gelo – mas o Shrek tem, para mim, aquele bichinho mágico. O que me fascina mais é a entrada das personagens que estamos habituados dos contos infantis e a atribuição de papéis contemporâneos, arriscaria a dizer. Vejamos a quantidade de personagens que já conhecemos e que fazem parte do universo “Shrek”: ogres, o príncipe sapo e respectiva princesa (rei e rainha Lilian), gato das botas, o burro (que eu considero pertencente a uma história onde um grupo de animais se juntava para tocar ou cantar. “Os músicos de Brenn”? ), o lobo mau disfarçado de avozinha, o Pinóquio, os três porquinhos, o biscoito, a fada-madrinha e príncipe encantado, um dragão, a irmã feia da Branca de Neve, a outra irmã da Branca de Neve, capitão Gancho, e agora, Cinderela, Rapunzel, Branca de Neve, Bela, bruxa da Branca de Neve, (rei) Artur, Lancelot, Merlin, (um dos) sete anões, capuchinho vermelho, etc. Acho fantástico rever estas personagens desempenharem papéis tão diferentes dos originais que cumpriam na literatura. A comédia também é um dos pontos mais fortes: Ninguém fica indiferente ao feitio de Shrek e ao longo monólogo do burro…nem aos olhos suplicantes do gato-das-botas.
Para quem gostou dos filmes anteriores, com certeza gostarão deste também e das surpresas que vão acontecendo. Quanto a “Shrek 4”, o filme está já confirmado. Resta-nos esperar que continuem tão bons quanto têm sido até aqui.
Boas férias!