Compras, confusão, gente e mais gente nas ruas! O meu dia foi passado assim. É incrível como toda a gente escolhe fazer compras nesta altura. Nem se pode pagar nas lojas com a interminável fila ao balcão, não se pode ver uma coisa descansada sem alguém quase a querer arrancar das nossas próprias mãos, tudo aos encontrões, sacos e mais sacos…uff!! Não é suposto o Natal ser uma época calma e sem confusão? Criada para se estar com a família, para pensar nas nossas acções – um tempo de reflexão? Não, pois claro…o consumismo sobrepõe-se a tudo isso!
Bem, mas como estava a contar (não me vá perder nos meus devaneios) corri a cidade toda com a minha mãe, em compras natalícias e fomos à feira! Quando era mais nova ia lá frequentemente, mas sinceramente, há alguns anos que deixei de lá ir. Não critico quem o faça, muito pelo contrário, mas irrita-me que me tentem a toda a força vender um produto. Não gosto de confusão, de andar na rua ao sol ou à chuva ou ao frio às compras, e detesto as gritarias à desgarrada que lá fazem! Depois, as raras vezes que vou, acabo quase sempre a discutir com algum vendedor (ou porque acho um balúrdio o que eles estão a vender, ou porque não gosto que me chateiem com “compre menina, compre!” ou “Olhe que isto é do melhor que há! Não encontra igual!” ou porque tentam impingir à minha mãe algum produto – fica tipo o comerciante de um lado a dizer para comprar e eu do outro a estragar o esquema todo…). Bem, devem ter ficado a pensar que sou muito complicada ou má, ou assim, mas simplesmente, não gosto que me pressionem! Por estas razões todas, é preferível ficar em casa! Bem, mas hoje lá fui. Enquanto a minha mãe procurava artigos numa tenda, eu fiquei a observar. Estava então, no meio do caminho de passagem das pessoas um senhor, com um saco aos pés, e panos de cozinha na mão. Apregoava: “ Seis por cinco euros!”, “Minhas senhoras, não limpem a louça a trapos velhos! Olhem esta qualidade, parecem cobertores para uma noite de geada!”, “Abençoada fartura, que a pobreza ninguém a atura.”. Aquele discurso todo, com umas piadas pelo meio, captou-me a atenção. Fiquei então a um canto, olhando o vendedor e fazendo contas ao preço dos panos. Se há uma coisa que já me repetiram muitas vezes é que “ninguém dá nada a ninguém”. Entretanto, uma senhora que estava a meu lado, mete conversa com o vendedor. Claro, acabou por comprar. Eu observava aquilo tudo: o homem ia meter os panos num saco à senhora mas eis que ela se lembrou de os contar. Afinal ele só lhe ia dar cinco panos! Então a senhora chamou-o a atenção e ele desculpou-se, dizendo que não tinha reparado. A senhora pegou nos seis panos, pagou e foi-se embora. Passados dois minutos chega uma nova senhora acompanhada e disse que queria falar com ele. Eles baixaram a voz, mas eu fiquei realmente interessada no que acabara de ver e continuei a observar. A senhora disse-lhe então que acabara de reparar que pagara os seis panos, mas apenas tinha cinco no saco, que queria resolver aquilo a bem e por isso fora lá falar com ele. O vendedor desculpou-se logo, dizendo que se tinha enganado e deu um pano à senhora. Foram-se embora. Por fim ele estava com três panos na mão. Passou uma senhora e perguntou quanto custavam, ao que ele respondeu “Só cinco euros! Como vê já são os últimos! Vendi tudo!”. Fiquei parva!! Que jogo sujo estava a fazer o homem! E no final ainda vendia três panos por cinco euros quando anteriormente vendera o dobro pelo mesmo preço. Bem, isto quase me parece um filme, mas o tempo que ali demorei naquela tenda rendeu observando esta situação. Por pouco não fui lá falar com ele! É mesmo preciso ter lata…Já sabem, da próxima vez, olho aberto!
Até breve e…boas compras – com precaução! ;)