Aviso, desde já, que este lado não tem andado muito inspirado nos últimos dias… Realmente a chuva e o céu nublado fazem-me mal! Quanto não vale, para mim, ver um belo dia de sol em todo o seu esplendor? Mas bem…também é preciso Inverno, frio e claro: neve, que eu tanto gosto!
Como é algo que tem andado a rodear-me nos últimos dias, resolvi escrever este post sobre poesia.
Nesta fase encontro-me a estudar Fernando Pessoa , ortónimo e heterónimos – Alberto Caeiro, Ricardo Reis e Álvaro de Campos .
No início, quando comecei a estudar e ouvir falar nos heterónimos de Fernando Pessoa, pensei para comigo: “Ele devia era ser maluco!” – Uma frase impensada, claro! Mas pensar em alguém que inventa personagens e escreve como que incorporando-as (bem diferente de um pseudónimo, sendo pseudónimo apenas o nome falso e heterónimo um outro “eu”), em que uma vez, um que gosta do campo e outro gosta de máquinas; um que acha que “pensar é estar doente dos olhos” e outro que apenas faz isso….É realmente estranho! Juntando a isto o facto de não ser grande apreciadora de poesia, tudo piorava.
Porém, digo-vos, depois de começar a estudar lírica Pessoana estou a gostar bastante. Claro, não morro de amores, mas comparado ao que antes gostava, foi um grande avanço. Não vou começar a comprar livros de poesia, mas não dispenso uma vista de olhos ao meu livro de português. Sabem o que disse eu a uma colega na semana passada? “Pessoa é um génio!”. Passar de maluco a génio ainda vai muita coisa…ou talvez nem tanta assim!
Mas além de Fernando Pessoa, tenho conhecido gente que escrevem poemas incríveis e que, ao serem lidos, fazem realmente bem à alma.
Parabéns a todos os poetas que têm esse dom magnífico! Infelizmente, nunca fui dotada para tal… Deixo aqui apenas um poema de Pessoa, digamos, Alberto Caeiro, que gostei bastante:
IX
Sou um guardador de rebanho.
O rebanho é os meus pensamentos
E os meus pensamentos são todos sensações.
Penso com os olhos e com os ouvidos
E com as mãos e os pés
E com o nariz e a boca.
Pensar uma flor é vê-la e cheirá-la
E comer um fruto é saber-lhe o sentido.
Por isso quando num dia de calor
Me sinto triste de gozá-lo tanto,
E me deito ao comprido na erva,
E fecho os olhos quentes,
Sinto o meu corpo deitado na realidade,
Sei a verdade e sou feliz.
Alberto Caeiro
* heterónimo: nome imaginário com que um autor assina a sua obra, atribuindo a esse autor imaginário características individuais diferentes das do verdadeiro sutor, ou seja, criando um outro "eu"".