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Gosto de hospitais desde que tenho memória.
Das batas brancas, dos estetoscópios, dos abaixa-língua. Até de medicamentos. Muito antes de fazer parte deste mundo gostava de estar lá e observar aquele corre-corre do pessoal e dos pacientes que esperam.
Mas, de tudo, o que mais me fascina num hospital são as pessoas, porque fazem daquele lugar um cofre de emoções, onde cada uma delas é sentida ao máximo, todos os dias.
Como num grande teatro, a companhia vive entre dois lados:
O dos pacientes que aguardam um veredicto, que buscam ajuda ou respostas aos seus tormentos. As pessoas despem as suas almas nos hospitais e conhecemos o ser humano longe das pressões da sociedade, e as suas emoções muito mais perto de nós. Porque muitas vezes um doente não busca só uma cura corpórea, mas um conforto ou uma compreensão que não encontra fora daquelas paredes.
O outro lado, revestido de branco, são os bastidores: a preparação, o estudo, a actuação que todos esperam que termine em aplausos; mas, tal como todas as representações estão sujeitas ao destino, também aqui nem sempre assim acontece.
Como dizia a minha professora parisiense: «A medicina não é uma ciência, é uma arte».
Chegou a hora.
Dentro de, aproximadamente, 7 horas estarei a deixar esta casa, esta cidade,...
Sei que voltarei e que não é uma despedida eterna, mas os regressos limitar-se-ão a fins-de-semana ou férias. Ou, quem sabe, talvez um dia, daqui a 6 anos possa voltar. Mas uma coisa é certa: nunca mais será igual. Nunca mais voltarão estes tempos maravilhosos que aqui passei, deixando as memórias gravadas em cada recanto.
Sinto uma profunda tristeza. Se já antes me custava deixar a minha casa por um breve período de férias, imaginem neste caso... Sei que me apego de mais às coisas mundanas. Talvez esta etapa constribua para mudar. Hei-de mudar, com certeza. Todos mudam, todos crescem, todos aprendem, erram mas depois aprendem a corrigir (ou pelo menos assim deve ser com os nossos erros).
De certo irei ter momentos tristes, mas conto também com momentos de felicidade. E momento difícieis... mas que com certeza valerão a pena daqui a uns anos - se tudo correr bem.
Hoje foi um dia de despedidas, de lágrimas,... Mas esta não é uma despedida.
Felizmente, manter o blog é possível em qualquer parte do mundo.
Peço a paciência de todos que aqui vêm regularmente, pois não sei se poderei escrever nos próximos tempos; não por falta de tempo, mas porque ainda não terei acesso à internet. Logo logo tentarei tratar disso.
E agradeço a todos que apesar destes últimos meses complicados em que se tornou difícil actualizar o Baú não deixaram de visitar e comentar. Foram meses de trabalho, de tristezas e de esforços, mas que agora, e pelo menos estes, estão a dar fruto.
Obrigada.
Até à próxima,
lá por terras de Salamanca.
Um abraço a todos
1 | LIC MEDICINA (U. Salamanca) | Admitido |
Obrigada!Tenho de me voltar a dedicar um pouco mai...
Encontrei o teu blog por acaso e gostei muito !Seg...
Muito obrigada! Umas felizes festas!
Feliz Natal e parabéns pelo destaque :)
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